Por fim, quando o
inverno se retirou dos nossos corpos ainda estávamos despreparados e
necessitando dos tempos rígidos. Porque a dureza, por mais cruel que possa soar
— viemos a entender anos depois —, era importante. Pois homem que não atravessa
agosto com firmeza arria logo ali. Homem que não se afasta da vaidade no frio,
que não ouve o chamado que vem das árvores, adoece da alma e abre passagem para
as incertezas. Quando o calor se instalou, sem aviso, fomentado por um sol
histérico, amornando as águas, os ventres e as angústias, estava feito. Baqueamos,
com o pensamento agarrado a desejos avulsos, às miudezas, pelejando com a mente
em dias que terminavam exaustos pela falta de um propósito construído.
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