Se os sete pecados capitais fossem
mulheres, a gula atenderia por Deborah. Toda Deborah quer engolir o mundo,
sentir seu gosto, degustar com prazer, bem de-va-gar-zi-nho.
A avareza seria Helena. Toda Helena tem
que ser coberta de joias. Tem que ter uma história triste. Uma tragédia aérea
ou náutica no currículo. A mesma que lhe furtou o marido milionário, lindo e
bronzeado, nessa ordem de importância, deixando-a sozinha e inalcançável, dona
de um destino infeliz. Porém rico.
Vivian seria a luxúria. Com uma beleza
sexual, um olhar cortante e provocador, a boca voluptuosa, carnuda. Tudo nela é
quente e macio. Vivian representa todas as que não têm medo de explorar sua
sensualidade.
A ira, sem dúvida, se chama Virgínia.
Ela não leva desaforo pra casa. Não amanhece um insulto. Bate na cara do seu inimigo
e encontra um abrigo no peito do seu traidor — parafraseando Cazuza. Tem língua
afiada e o raciocínio rápido e certeiro. Está sempre pronta para o ataque.
E a inveja? Karin é seu codinome. Todos
querem ser ela. Já nasceu privilegiada: um nome de origem sueca que deriva de
Katherine e significa pura ou casta. Todos querem ser puros. Castos nem tanto.
Todos querem ser Karin e ela nem imagina, pois está imersa em seu mundo de
delicadezas, sem maldade, flutuando pela vida. Uma princesa na selva de pedra.
Marina é a preguiça. O simples fato de
contemplá-la, em toda sua beleza e força, faz o tempo parar. Marina é puro
calor humano, uma tarde de sol à beira-mar. As ondas batendo contra o trapiche,
sempre na mesma cadência, esculpindo seu nome na madeira lentamente, para que
nunca seja esquecida.
E a vaidade? Responde por Maria Luísa,
mas todos a conhecem por Malu. Elegante, cheirosa, cabelos incríveis. Impecável
até vomitando. Linda desde o amanhecer. Sempre com uma taça de cristal entre os
dedos longos. Tem um quê de rebeldia. Ela fuma quando está nervosa. Mas quase
nunca está nervosa. É o alter ego da maioria das mulheres. E um sonho distante
para quase todos os homens.
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