Aridez dos sentidos

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Tinha as carnes amolecidas pelos anos. Nos sulcos do rosto, que se pronunciavam em emaranhados e ramificações, era possível ler sua história. Cada vinco sussurrava algo sobre um tempo passado, as batalhas travadas com a vida.

A boca, salpicada de pequenas rugas, agora custava a abrir-se em sorriso. Talvez fosse a falta de jeito. Ou as poucas graças. Outrora fora diferente. Hoje, nada costumava valer tamanho esforço.


Mas os olhos, um tanto já cansados, ainda buscavam algum bendizer no horizonte. Na guerra dos dias, empilhados em anos difíceis, a esperança é o último sentimento que deve desertar de um coração calejado.

Comentários

AC disse…
Gosto da tua escrita, Magali, sempre gostei, e este texto não é excepção.
Um prazer rever-te!
(Tenho saudades de te sentir por lá)

Um abraço :)