Profundezas

Sempre que via o mar tinha a mesma sensação inesperada de lançar-se ao sabor da água. Deixar o corpo flutuar silenciosamente, os cabelos espalhados em coroa de fios ao redor da cabeça. Braços abertos, sorvendo histórias submersas gritadas pelo insuportável silêncio vindo do chão de estrelas e corais. Mas era só. A vida ao sabor das marés — açoitada pelo horizonte intangível pintado no fundo da tela — aguçava os sentidos e trazia à luz sentimentos de mau querer que jamais deviam ser partilhados.
© Sxc

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