Vida passando

Olho pela janela do ônibus. O vidro embaçado e a chuva embaralham a visão. As luzes coloridas de Natal cintilam como borrões e vão ficando para trás, longe, longe, se desfazendo na lembrança. Meus pezinhos estão molhados dentro dos sapatos simples. Sinto um pouco de frio, a roupa também molhada. O ônibus encosta. A esperança desce.

O ônibus retoma seu tranco. Lento e sempre, lento e sempre, lento... e sempre. O cheiro do diesel entorpecendo a alma. Aperto os olhos. Ao abri-los, lá se foram 30 anos. Ainda não cheguei ao meu destino. Ainda os mesmos sonhos, anseios. Só o viço que há muito já se foi, não volta mais. E eu continuo olhando pela janela.

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