Cheiro de livro novo


Desde pequena sou louca por livro novo. Mais pelo seu cheiro que qualquer outra coisa. Aprendi em Semiótica, com o Capaverde, que a memória olfativa é a maior de todas. Há de ser, pois basta pegar um livro novinho e cheirá-lo para viajar 500 anos num segundo e voltar à infância. É um costume tão enraizado que às vezes nem percebo. Mas não dá para tocar um exemplar sem cheirar. Impossível.


Revista nova também cheira bem. Mas livro é melhor. O odor combinado da tinta e papel me remetem àquele tempo mágico em que um livro era algo distante, quase intocável. Reservado a poucos. Eu gosto de ter meus próprios livros. E morro de ciúme deles. Para emprestá-los, só a alguém muito conhecido, apaixonado por leitura, e que vá cuidá-los. Também prefeiro comprar a pegar emprestado. Assim, posso cheirar à vontade.


Afinal, que graça há em ter lido e não poder ter um exemplar para apreciar (cheirar) depois?

Comentários

Cumadia disse…
Cheiro de livro novo, de sanduíche de mortdela, de vinil da primeira pasta escolar... cheiro de quando éramos felizes e não sabíamos!!!